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CONSELHO DE VETERINÁRIA ALERTA SOBRE ABANDONO DE ANIMAIS DURANTE A PANDEMIA

Desde que a pandemia de coronavírus começou, muitos cães e gatos passaram a ser abandonados nas ruas das cidades brasileiras. Por conta disso, o Conselho Federal de Medicina Veterinária está fazendo um alerta sobre a situação. Segundo a médica-veterinária Kellen de Sousa Oliveira, presidente da comissão de bem-estar animal do CFMV, o abandono no Brasil já deve ter aumentado entre 20% e 30%.

De acordo com ela, existem dois grandes motivos para que as famílias estejam desistindo dos animais de estimação: a dificuldade financeira e o medo de que os animais possam ser transmissores do vírus. “Muitas pessoas perderam o emprego, estão vivendo apenas com o auxílio do governo, a gente não sabe o que vai acontecer”, explica.

“Mas a gente já sabe que os animais não passam a doença para o ser humano, o que já foi comprovado. Às vezes, sai uma notícia na imprensa ou na internet e ela vem de forma errada. Mas, cientificamente, não existe comprovação de que cães e gatos transmitam o coronavírus”, afirma.

Mesmo entendendo que muitas pessoas estão passando por dificuldades por conta da crise econômica, Kellen diz que o ideal é que as pessoas nunca abandonem os animais. “Eles têm sentimentos. Eles se apegam ao proprietário. Mesmo que você retire ele da família e dê para outra família ou para um abrigo, ele vai sofrer um trauma”, analisa.

O certo, de acordo com ela, é que os donos dos animais arquem com a responsabilidade que adquiriram no momento em que decidiram inserir um cachorro ou um gato na família. No entanto, ela avalia que, se for muito necessário, é preciso que os atuais donos procurem uma família de confiança para cuidar do animal. Mesmo assim, ela avalia que o bicho ainda viverá um trauma.

“O certo é não abandonar jamais. Mas, na rua, ele pode sofrer maus tratos por parte de pessoas ou até de outros animais. Ele pode causar acidentes de carro, as fezes e urina do animal no meio ambiente também podem causar doenças… então, esse é um desgaste para o animal, para a população e para o meio ambiente”, afirma.

De acordo com a médica-veterinária, a maioria dos animais domésticos não são preparados para viver nas ruas. “Eles não aprenderam a procurar comida, eles não conhecem alguns perigos da rua… ele está acostumado com alguém dando comida, água e carinho para ele. Ele não tem discernimento e as chances de ele sobreviver são menores”, explica.

Ela também alerta para compulsões que animais que tinham um lar e que são abandonados podem desenvolver. “Se você modifica a rotina do animal, há um estresse. Na rua, ele pode se tornar agressivo, ele pode correr atrás do próprio rabo, pode começar a lamber a própria pata… isso gera um trauma e pode culminar em alguma doença. Por isso que nunca se deve abandonar um animal na rua”, diz.

“A partir do momento que você adquire um animal, ele é sua responsabilidade e você tem que oferecer água, comida, abrigo, você não pode submeter esse animal a medos, você tem que levar ao veterinário sempre que preciso… dentro dessa posse responsável a gente tem o não abandono do animal, a castração… a gente não deve abandonar o animal. Ele é um membro da família”, afirma.

Fonte: CFMV